segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Relacionamentos infantilizados


Se eu aprendi uma coisa até agora é que a vida é simples e as pessoas que tem esse vício em complicá-la. Vejo muita gente reclamando de relacionamentos, homens e mulheres, como se, primeiramente: se você ama uma pessoa, ela deve te amar – caso contrário, é um idiota. Então, se essa pessoa te diz um ‘não’, você usa isso como desculpa para sofrer imensamente e odiá-la para o resto de sua vida. Se ela diz ‘sim’, ótimo: até você descobrir que ela não é tudo aquilo que imaginava e termina a relação (e o outro fica te odiando, como no primeiro caso); ou ela descobre que não quer nada sério, e termina com você, e então ela é uma vadia ou uma puta por não querer nada sério (e, de novo, você passa a odiá-la).
Ás vezes acho que estou fora deste planeta, pois comigo já aconteceu todos os casos e acreditam, até hoje tenho um carinho por todos homens que já conheci. Não é difícil de entender quando um relacionamento não dá certo, mas pelo que leio parece que sim, é melhor o outro ficar fingindo que te ama do que te dar um fora.
Ando conversando com mulheres mais velhas, divorciadas e que estão em começo de um relacionamento com um homem e então percebi a diferença entre relacionamentos de adolescentes e de adultos. Bom, do adolescente é praticamente como o descrito a cima. Essa enrolação, essa foco no ‘eu tenho que ser feliz, e o outro saciar minhas vontades, se não tchauzinho’, além dessa banalização do amor que me entristece ao ver tantos ‘eu te amo’ para alguém com quem ficou junto por três meses e terminou porque ele não quis ver o mesmo filme que você. Enfim, não é difícil ver como é o relacionamento de adolescentes (crianças, melhor, da mais infantil possível).
 E do adulto? Acho que muitos já viram aquele desenho que percorre Facebook e afins, de um casal de idosos e uma fala mais ou menos assim: “Me perguntaram como nosso casamento durou 60 anos, e eu respondi: na mina época, quando algo quebrava, a gente consertava”.  Não que adianta, também, ficar consertando uma cadeira que quebra todo mês. Mas o foco é outro, afinal, como consertavam as relações? Por conversa! Diálogo, bate-papo, senta e fala que sento e te ouço. Com essas conhecidas mais velhas eu percebi que uma das primeiras coisas a se dizer quando começam um casinho é: ‘pretende ter filhos?’ ou ‘não terei filhos’. Elas e eles colocam todas as cartas na mesa antes de partir para um relacionamento. Essa é a diferença. E o outro tem que aceitar ou cair fora, mas deixam tudo claro: quero casar de novo, não quero dividir minha cama com ninguém, quero algo sério, quero que você vá pro inferno e por aí vai.
E se der certo? Os dois não querem casar, mas pretendem ter um filho daqui uns anos: como faz? Vive, oras. E nos desentendimentos buscam a conversa que dura o tempo que for necessário até se entenderem e/ou acharem uma solução. Se o caso for de terminar, se respeitam, ficam tristes, choram, mas não culpam o outro por não der dado certo – nem tudo é feito para dar certo e as pessoas são complicadas.
Talvez, se houve mais conversa sobre o que cada um realmente quer, haveria menos brigas e traições - pensem nisso.  
Então, jovens, parem de ser mesquinhos e odiar o outro por você ter levado um pé na bunda! E, principalmente, não use essa dor e ódio para causar o mesmo para outras pessoas – nem para quem te deu o fora: é um direito de todos não querer o mesmo que você e não gostar de você.  E parem com esse discurso ridículo de que ‘todas mulheres são vadias (ou todos homens são cafajestes e nenhum presta), então vou trata-las como querem’, aprendam: existe homens, mulheres e gays que querem algo sério, e outros que não. Usar um pé na bunda para se tornar um cafajeste é completamente infantil e sem sentido, somente você é responsável pelo o que você faz.
O medo de ficar solteiro, de ficar sozinho não deveria ser motivo para estar com alguém – e sim motivo para perceber o quão egoísta somos.