quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Boêmia encantadora


1milhogrande.tumblr
       Fui dormir me sentindo tão boêmia: sentada no colchão, no chão, com o notebook no colo enquanto ele dorme após horas e horas de carícias, apertos e risadas. Só me faltou o cigarro, que não fumo. Ou fumo. Se não, posso começar. Se sim, posso parar. E minha ideia de boêmia se foi: também não bebo. 'Que vida é essa que ela leva?' pensam enquanto eu me pergunto: para que me dar o trabalho de pensar? 
     Sou apenas uma senhora de oitenta anos que desistiu, há anos, dessa carreira de escritora e tenho no que pensar? Penso neste quarto que hoje durmo, penso como será essa senhora escritora que mudou-se deste apartamento, possibilitando o que aconteceu: seu quarto de escritora agora é meu. Mas olha, eu confesso, tá tudo bem bagunçado e escrita não é o que anda ocorrendo. Há, sim, muita digitação - mas sobre aleatoriedades desimportantes como nossa realidade escolar -, e muitos copos e pratos espalhados: e volto a me sentir em uma das histórias de Reginaldo Moraes. 
      Se pararmos para voltar ao meu passado e todos meu quereres, um deles é este: estudar, namorar e ser jovem. Deus me livre da infância e sua dependência de adultos. A vida está caminhando e lá estou chegando: independência, estudo e muito amor, em seus sentidos mais carnais e espirituais. Minha ansiedade explode em minhas veias pela chegada deste momento; explode meus neurônios e quase que largo tudo e recomeço a vida agora. Uma coisa é certa: tudo que vejo, lá pra frente, é a felicidade.
     Felicidade sem fantasias, a felicidade pura de não desejar a perfeição, mas a provocação da vida apontando seu dedo em minha face, e  eu respondendo para ela, sempre, sem me deixar entristecer por momentos que não temos controle. Aprendi a aprender a viver neste mundo, sem medo, sem ódio - somente reconhecendo que momentos de choro são encantadores.