quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A festa, as cores e o rapaz.


Estava no começo da minha juventude: 18 anos. Algumas coisas haviam mudado e não acreditava como me deixavam comprar bebidas sem haver uma expressão de ‘sério?!’, apesar de muitas vezes escutar o comentário: ‘mas tem carinha de 12!’. Normal.

Porém nesse fim-de-semana haveria uma festa, dessas de homens de terno, músicas calmas no começo e DJ no fim. Minhas amigas estariam todas ocupadas com vestibulares e família, mas criei coragem para ir sozinha – fazia tempo que queria saber como é ir em lugares lotados sem ninguém conhecido por perto, enchendo o saco. Havia colocado um vestido longo preto e decotado – claro, com uma sandália igualmente preta. Gostava de usar preto por ser tão branca, a diferença me encantava.

Cheguei tarde na tal festa, como queria, e logo observei quem estava por lá: ninguém que conheço... Tinha conseguido o convite pela tia da Bárbara, da high society. A Bárbara, enfim, estaria por lá, mas teria obrigações de parente da anfitriã.

Andei em volta do salão e vi que havia um espaço aberto com flores, pedras e um chafariz. Mas não cheguei a ir, estava um vento frio e o bar era do outro lado e virando para a direita, vi a Bárbara chegando com um sorriso no rosto:

- Ah que bom que você veio! Pelo alguém de quem eu realmente gosto está aqui! – Dois beijinhos no rosto – E como você está? Tá linda viu? As outras meninas não puderam vir né, véspera de vestibular é bem complicado, mas espero que você goste da festa mesmo assim!

E sem conseguir responder a nada, ela virou e foi cumprimentar o primo. Eu segui meu caminho rumo ao vinho.

O balcão formava um quadrado dentro do salão, dentro havia as bebidas e os bar-man. Fora ficavam os bancos, no qual me sentei e mudando de idéia pedi uma batida de vodka com morango, a entrega fora rápida. Virei de costas para o bar a principio de ver as pessoas... Mulheres, vestidos; homens, terno. Sério, tinha cada roupa feia nesse lugar. Meninas da minha idade usavam vestidos azuis, florescente! Eu ri, principalmente quando vi duas delas vestidas igualzinhas, mas acabou ficando chato de se ver e voltei a mexer no meu copo.

*

As horas passaram e o jantar já tinha sido servido – eu comi tudo que não me deu nojo... Comida de rico é estranha: lagostas e polvo não eram muito agradáveis. Fiquei no básico arroz, strognoff, salada e outras coisas que não sei o que era. Sentei na mesa onde tinha o meu nome e conversei com as pessoas ao lado por no máximo dez minutos – que foi o tempo de comer e arrumar uma desculpa para não ouvir mais o rapaz ao lado falar.

Voltei ao meu lugar e quando pedi um copo de refrigerante, se intrometeram:

- Refrigerante? Com tanta bebida de graça?

- Né, pois é.

- Já bebeu de mais?

- Também.

- Acontece.

E sentou do meu lado, o que me fez olhar para seu rosto. Cabelos pretos, olhos pretos, pele branca. O que me fez olhar para seu corpo. Terno, sapato, proporcional a face. Era um homem, uns vinte e cinco anos, aparentava ser bem decidido, sucedido, confiante. Sorri, e logo virei para receber meu refrigerante enquanto davam á ele o uísque.

Tomou-o em um gole, nada mais pediu e continuou lá. Eu ficava rindo, e ele olhando para mim.

- Gosto do seu cabelo, não é preto.

...

- Afinal, que cor é essa?

- Tentativa de vermelho.

- Uau, fracassou legal hein.

- Cala boca.

- Haha, mas poxa...! – ficou de frente para o meu lado. – Eu ainda assim disse que gostei do seu cabelo.

- É, valeu.

Da outra sala veio o som da música,lenta. Ele olhou para o chão. Eu tentava demonstrar que não o via. Olhou para mim e riu.

- Quer dançar?

Olhei para ele, roubei o uísque que ele havia pedido.

- Eu não tenho idéia de como se faz isso, querido.

- Vem logo. – me pegou no braço fazendo o banco girar e segurou minha mão. Levantei quase caindo e lá fomos nós, “dançar”.

Não conhecia a música que estava tocando, bossa-nova me parece, mas não importa também. Logo que chegamos ao salão ele segurou minhas mãos, olhou para mim olhando para ele, puxou-me para perto e começou a mexer os pés e eu tentando acompanha-lo. Pisei no pé dele várias vezes, de propósito. Subi em cima dos pés dele por vontade própria, mas logo desci. O salão não estava tão cheio, só com alguns casais lá do outro lado.

“Dançamos” mais um pouco, até quando pisei no pé dele, de novo, e acabei por me apoiar na parede. Ele me segurou pela cintura, nos olhamos e nos beijamos. Sua mão continuava em minha cintura, a outra estava em meu pescoço. Eu o abraçava e mexia em seu cabelo. Ele começou a descer, beijar meu pescoço e descer para meus seios. Colocou a alça do vestido para o lado, abaixou um pouco o pano preto que tampava meu corpo, e logo viu meu sutien azul não-florescente e de renda.

- Aqui não.

Com tudo no lugar, fomos mais adiante, naquela parte de flores, pedras e chafariz. As pedras no chão formavam um caminho, ao lado dela havia as flores e árvores e antes delas, tinha o chafariz, depois das pedras, tinha uma casa. Bem pequena, de criança brincar. Ao caminho dessa casa, o vi. Bem ali, ELE. Que infernos ele estava fazendo lá? Já tinha me tido que não gostava de tirar a liberdade das pessoas de terem outras. Que me queria, mas também adora a intensidade de uma paixão desconhecida; Ele me viu também, sorrimos e ele sumiu. Entrei na casinha com o Vinte E Cinco Anos um tanto abalada pelo encontro. O Vinte E Cinco Anos colocou-se a minha frente e perguntou se estava tudo bem.

- Claro. - Sorriu, acariciou meus cabelos e me beijou.

A casa não era tão pequena, não era de criança brincar – não sei nem porque a fizeram bem lá. Mas não havia mais ninguém á menos de cinco metros de distância. E havia também uma cama. A casa era inteiramente branca, por fora e por dentro. Não havia uma porta de entrada, logo era a sala e ao lado um ‘quarto’, onde estava a cama, também branca. Não havia portas – a não ser a do banheiro. E enquanto eu estranhava tudo isso, o Vinte E Cinco Anos me puxou pela mão, me pegou na cintura e recomeçou com os beijos. Recomeçou no pescoço, nos seios enquanto eu desabotoava sua calça, tirava seu paletó, arrancava a gravata. Logo estávamos somente com de roupa íntima e nos olhamos sem fôlego, sem entender e sorri; sorrisinho de lado, safado. Ele adorou e estávamos na cama, cada vez mais sem menos fôlego, cada vez mais sem entender, cada vez mais sem pensar.

O desconhecido, o passado ali presente e o perigo deixaram tudo excitante, intenso. Logo estávamos deitados, olhando para o teto branco.

- Tenho que ir.

- Me liga.


Ele sabia que não tinha seu telefone, nem ele o meu.

24 comentários:

  1. "e estávamos na cama, cada vez mais sem menos fôlego, cada vez mais sem entender, cada vez mais sem pensar." perfeito , a única coisa chata daqui é que eu tenho rolar o mouse ao invés de virar uma página , isso é bem chato . hehe

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  2. q blog simples e suntuoso.
    pessoal e empático.
    adorei.
    quase q naum ia ler mas li
    gostei
    comentei
    e passarei aki sempre q tu me avisar q há atualizações
    xD^



    abraço..e parabens mesmo

    diversão e entretenimento...
    www.bocadekabide.blogspot.com

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  3. Ahhh meus 18 anos.... como a gente aproveita cada idade que a vida nos proporciona!
    aorei. bjo

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  4. Poxa vida, uma história dessa não podia acabar com um desfecho simples assim.
    Por que não trocaram os telefones?

    Ainda vão se encontrar em alguma esquina,espero.

    Estudante de jornalismo?

    http://aindamaisestorias.blogspot.com

    http://estoriasmediocres1.blogspot.com

    http://blogcafeexpresso.blogspot.com

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  5. èééé
    xD

    O tempo é curto, a vida é curta... E realmente, ela vale a pena quando a vivemos encarando o desconhecido (Duplo sentido para esse texto xD)

    Gostei de sua história, muito legal mesmo, hehe

    \ooo
    Bjaooo
    se cuida.
    =**

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  6. caramba, nao esperava um comentario taããããõ rapido. A imagem é muito bom, mas pretendo fazer uma minha, tipo usando uma mascara e fazer doisas bizarras com o alcool. auhauha

    Putz seus blogs tambem são massas.
    Sempre ue possvel dou uma passadinha aqui
    Beiiijos

    ;*

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  7. Otimo blog e de bom conteudo e otimo textooooo
    valeuu

    visite meu site quando puder
    http://www.fiqueplugado.com/

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  8. maneira a historia rs parabens pelo blog mt bom seguirei rs e td vez q quiser rir sabe aonde ir haha
    ;D
    http://diogostanley.blogspot.com/

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  9. Nossa, intenso!!hauahuahauha...
    Adorei o texto, você escreve muito bem, não é fácil narrar uma história bem, mas você foi fantástica!Parabéns!
    Sucesso pro seu blog

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  10. Parabéns, a texto ficou muito bom, me prendeu ate o fim. Envolvente!! Abraço!!

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  11. Muito bommmmmmmmmmmmm, clap clap rs
    O final talvez mostre que as vezes algumas mulheres assumem essa caracteristica homem, com sentimentos confusos e sede pelo pecado rs

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  12. esse final me parece tão familiar...

    Isto até parece minha vida...

    rsrsrs

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  13. Muitoo boa :D Nossa mas pq acou assim ?? Fiquei sem entender
    Mas a intensão é boa


    beijos e visia lá o meu e comenta http://confissoesblogger.blogspot.com/
    http://confissoesblogger.blogspot.com/
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  14. Esse tipo de festa é encantadora... mesmo sem pa pretenção de coisa alguma, eis o que acontece. Estando sucetivel ou não hein! ahaHAha!! Excelente texto!!
    .
    http://bloggalemdoqueseve.blogspot.com
    .

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  15. O texto é muito bom só achei um tanto quanto longo poderia ser em capitulos ficaria mais aprazivel de ler.
    Gostei do desfecho

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  16. Li o começo do texto e estou gostando muito. Vou voltar para a leitura.Belo Blog

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  17. Uaaau!
    Mas é uma história verdeira?
    Se for, tb quero uma história assim! hahaha.

    Os perigos que se tem em um lugar desconhecido pode ser fascinantes!
    Tá vendo, se tivesse ido alguma menina com vc, com certeza isso não aconteceria, por isso que é bom as vezes sair sozinho, mesmo sendo chato, sempre pode acontecer algo legal.

    Pena que agora namorando eu não faço mais NADA sozinho, mas tudo bem rs.

    Muito bacana o texto e a história.

    Beijos.

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  18. Vestido preto, pele branca... talvez não iria resistir... sou UM cara de 25 anos, infelizmente não O cara. Mas a vida é feita de ciclos, enfim...
    bjos

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  19. Adorei seu ponto de vista sobre nossas idades, descobrimentos, conflitos, ironias, todas tem uma né? Impossível não mudar com o tempo...

    bjitos

    http://www.pequenosdeleites.blogspot.com

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  20. Ah ai em cima eh a kelly, havia outra pessoa no pc antes...rsrs desculpe

    bj

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  21. Nossa. Muito bom o blog e o post. Você escreve super bem, sem miguxês e frescura e respeitando a querida língua portuguesa! não pude deixar de elogiar a sua escrita. Estou seguindo o blog já, espero que continue assim!
    Abraços

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  22. Eis-me aqui, alguém que não tem medo das palavras. Alguém que cospe na literatura clichê e cordeirinha. Este conto se tornou mais elegante com uma jovem garota narrando. Uma garota moderna que busca nas palavras uma forma de dá um ponta pé na bunda de tudo que é perfeito e normal. Da arrôgancia dos ricos, das efêmeridades dessa sociedade careta e mesquinha.

    Adorei sua maneira de escrever. lindo!

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  23. Vestido preto... pele branca...
    lembrei-me instantaneamente da ultima vez em que te vi... muito bonita


    maravilhosa criaçao!

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  24. Adorei o blog, o post, a história em si.. tudo.
    Até parece que isso não aconteceu contigo, tão rápido e, ao mesmo tempo, tão intenso.
    Escreve muitíssimo bem :*

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