quarta-feira, 10 de outubro de 2012

As escolhas e as dores

     Sinto toda a dramaticidade de meu amigo Bocelli, sua voz que mostra o quanto quero tudo e nada tenho. Um certo desespero. Eu quero lhe sentir, pelo amor de Deus, deixe-me senti-lo. O silêncio a minha volta já não é confortante e as vozes que me perseguem nada dizem. Os rostos que eu vejo nada expressam, os olhos são vazios e as bocas mudas. Também não escutam o que digo - mas, e eu, sei do que falo?

     Sei do que sinto, não do que penso. Sinto tua mão à minha boca, desvendando meu corpo. Meus segredos. Seu olhar é tudo que preciso, palavras são fúteis. Minha alma o venera. Meus olhos passam por todo seu rosto tentando ver mais além. Somos crianças se aventurando na mais perfeita descoberta. Eu sei, você adora meu jeito infantil, não precisa esconder. E eu adoro o seu jeito que não sei como descrever. Então, pra que complicar? Somos tão diferentes e tão iguais, que me faz gritar. Ontem de tristeza, hoje... Você me transformou em alguém melhor, me faz feliz. Mas eu não direi que você sente o mesmo.

     Sei do riso que aparece em mim quando me lembro da tarde em que você esteve por aqui. Sinto fata de rir daquele jeito honesto por cosquinhas que tanto sentia ódio. E dói, como diz, dói muito. Mas eu sei que é questão de tempo para que toda dor vá embora, seja um por dia.

     Sei que as pessoas me criticam, que faço de tudo por algo que pode virar pó, mas não há palavras que deixe claro o quanto acho ridículo deixar de fazer o que se quer por uma possibilidade de erro. Um dia me disseram:
- Você ainda vai surpreender muito.
- Como assim?
- A gente pensa que você é quem mais tá sofrendo com tudo isso, com escolhas. E aí você se mostra mais decidida do que muita gente.

     Eu quero ariscar, tentar, dar o melhor de mim para o que mais acredito: amor. Se não for pra sempre, eu amei. E amarei sempre, com toda intensidade que puder. E agora, ao mesmo tempo que me sinto a mulher mais feliz do mundo, sinto uma imensa vontade de chorar.

texto escrito no final de 2009 e ignorado até o dia de sua publicação.

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